quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pró-atividade ou interesse? Comportamentos integrantes da Ética Empresarial


por Sonia Zorzi*


De acordo com o dicionário do Aurélio pró-atividade significa estar a favor de exercer uma ação; e interesse é ter empenho, curiosidade por algo.

No mundo corporativo muito tem se falado em pró-atividade e colaboradores pró-ativos. Esses como sendo indivíduos que se antecipam as necessidades do chefe ou da organização. Alguns até enfatizam que aos mesmos deveriam perceber ter a sensibilidade das necessidades de seus setores, chefes, acionistas, e outras coisas mais.

No meu entender isso é “poder de adivinhação”, mas queira ou não é a linguagem encontrada nesse mundo tão cobiçado: o corporativo.

Não sei dizer se sou mais humilde, ou mais realista, ou algo que o valha, para mim um colaborador interessado seria o ideal. Raciocinem comigo, você já imaginou um colaborador que tivesse empenho em realizar suas atividades, curiosidade em descobrir qual o papel dele dentro do processo produtivo? Que maravilha! Sem dúvida ele estaria motivado, compromissado, não só com a empresa, mas com ele mesmo.

Hoje tenho o sentimento, pelo menos nas empresas onde presto serviços e mesmo nas Universidades onde dou aulas, que as pessoas estão desinteressadas nelas. Não têm empenho, curiosidade de descobrir o que querem para suas vidas ou mesmo qual a conseqüência de suas ações do presente para daqui a cinco anos.

Outro dia ouvi de um garoto de 18 anos, após ter feito a pergunta – O que você quer estar fazendo daqui a 5 anos? O seguinte: “Quero ter uma Ferrari, estar formado em engenharia, casado e com uma casa no melhor bairro da cidade”. Perguntei novamente: - “como você pretende conseguir tudo isso?” Ele me respondeu: - “ganhando na loteria”. 

Qual o empenho? Qual a curiosidade? 

A sensação passada é: eu quero. No entanto não percebi nele o interesse em descobrir como isso acontece, ou mesmo como conseguir galgar espaços.

Não contente, continuei minha pseudo pesquisa. Perguntei a alguns colaboradores de uma empresa: O que você pretende para o próximo ano em relação ao seu trabalho? A resposta: “Não sei, acho que quero fazer a mesma coisa, do jeito que está hoje”.

Continuei a conversa: Você não tem vontade em mudar algo na sua vida, trabalho? Novamente: “Não sei...

Insisti ainda, como já disse, na pseudo pesquisa, agora com meus alunos de pós-graduação: Qual o seu interesse em fazer a pós? Resposta: “Acho que é para ter mais conhecimento, não tenho bem certeza”.  “Não sei, a empresa exigiu que eu me aperfeiçoasse”. E para minha surpresa ouvi de um “Meu interesse é conhecer novas técnicas, conhecer pessoas, discutir e aplicar conceitos no meu trabalho”.

Essas vivências me levaram a pensar: pró-atividade ou interesse?

Eu, sem dúvida, fico com interesse. Gostaria de ter funcionários que tivessem curiosidade e empenho pela vida.

Vida, para mim, tem um conceito amplo onde posso enquadrar: interesse pelo trabalho, vocação, profissão, família, sociedade, bens materiais, qualidade de vida, emoções, aperfeiçoamento, crescimento como ser humano.

Imagine se em sua organização, seu setor, sua família, existissem pessoas com interesse, ou seja, empenhadas em fazer algo, com curiosidade para alçar descobertas?

Indo mais longe, se a comunidade, a sociedade fosse formada por pessoas que tivessem interesse, empenhadas em construir algo que pudesse contribuir para a melhoria da humanidade?

No momento eu estou procurando colaboradores interessados, pois acredito que eles sem dúvida contribuirão melhor para a organização. No meu entender os interessados sabem o que querem, têm rumo e curiosidade para descobrir as ferramentas que os levarão ao sucesso.



*Sonia Zorzi é consultora empresarial, sócia diretora da soniazorzi learning, training e consulting, professora universitária em cursos de pós graduação, palestrante, Dra. em Administração de Recursos Humanos, Mestra em Educação e Master em Programação Neurolinguística.

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