terça-feira, 19 de julho de 2011

Os netinhos da vovó chegam ao mercado de trabalho

por Sonia Zorzi*

Para melhor entender meu posicionamento, quero informar que eu chamo de netinhos da vovó, os jovens que nasceram depois da metade da década de oitenta. Netinhos da vovó, por que esses jovens foram, muitos deles, criados e embalados por avós dedicadas ou mesmo babás. Eles são filhos de mães que buscaram uma carreira no mercado de trabalho e que na grande maioria das vezes sentiram culpa por deixarem seus “filhotes” aos cuidados de outras pessoas.

Esses jovens, não necessariamente, são de classe alta, média, ou baixa; são sim jovens que foram “mimados” e muitas vezes, no meu entender, estragados, por excesso de elogios ou mesmo presentes, dados para compensar a sensação de culpa.

Os vindos da classe mais abastada, eu os nomeei de “gênios da vovó”. São os meninos ou as meninas prodígios, na qual os professores e a escola davam muita lição, exigiam muito deles ou delas; de acordo com os pais e avós; mas de uma forma ou de outra eles se saíram bem (muitas vezes colaram nas provas, enganaram, mentiram, e alguns até falsificaram a assinatura do responsável nos bilhetes de convocação), no entanto eram encantadores e verdadeiros gênios para as vovós.

Os vindos da classe menos favorecida, eu os nomeie de: vítimas queridas da vovó. Os meninos ou meninas são os coitadinhos, aqueles que a mãe largou para ir trabalhar, na fábrica ou em casa de família; que muitas vezes usou roupas, boas e novas, claro, de outras crianças, e  para os quais  a mãe fez muitas dívidas nas Casas Bahia, para comprar o vídeo game de última geração, o som mais “manero” do pedaço e outras coisas mais. Isso sem contar é claro, que ele estudou em escola pública, e portanto não poderia ser muito exigido, pois caso fosse, o professor e o diretor, ganhavam muitas vezes a “marca “ de perseguidores dos pobres. No entanto esses coitadinhos maravilhosos sobreviveram a toda adversidade, e é  contaram com a ajuda da vovó,

Pois bem, esses jovens, independentemente da sua origem social, estão agora no mercado de trabalho, e apresentam os mesmos comportamentos reivindicatórios:
a) querem ganhar altos salários em curto prazo (são gênios, ou vítimas do sistema, merecem recompensa);
b) férias mais longas;
c) aposentadoria com menos tempo de serviço;
d) jornada de trabalho reduzida;
e) descanso e emenda de feriados; porém não se dispõem a dedicarem-se ao trabalho com qualidade, terem iniciativa, trabalharem em equipe, cooperarem com os demais, serem éticos, aprenderem continuamente com os seus pares e na educação formal, bem como entenderem que a sociedade é composta de direitos e deveres.

Vivemos hoje, no Brasil, uma crise de empregabilidade, onde temos vagas e não temos indivíduos capacitados tecnicamente, pois o conhecimento dos novos profissionais que tentam ingressar no mercado de trabalho, na grande maioria das vezes é pífio, até mesmo por conta das maracutaias feitas ao longo do processo acadêmico. O mesmo acontece emocionalmente, uma vez que esses jovens apresentam um comportamento emocional ainda infantil, ou seja, aquele que não assume as responsabilidades pelas suas escolhas, ou mesmo percebe que seus atos têm consequência, e essas são de responsabilidade do autor.

É comum na empresa hoje, um jovem funcionário, pedir demissão quando é mal avaliado e solicitado a mudar comportamento; e mais comum ainda a família apoiar a atitude do jovem, pois para ela ele é o NETINHO DA VOVÓ. Portanto o status que é mantido e o amadurecimento profissional mais uma vez retardado.

Só posso encerrar esse desabafo, com um pedido: - Se você é um desses jovens, reflita sobre o que você quer para sua vida daqui a 10 anos, e a seguir, o que você tem feito para conquistar o seu objetivo; qual é o seu real preparo técnico e o sua maturidade emocional, e ainda mais o que é preciso fazer para crescer, principalmente emocionalmente.

Se você for pai ou mãe de um desses jovens, não se culpe gente não nasce com manual de instrução, tenha a certeza que você fez o que acreditava ser o melhor. Ainda dá tempo de apoiar seu filho ou filha a crescer, ainda dá tempo de dizer não e faze-lo assumir a responsabilidade pelos próprios atos.

Sejam felizes

*Sonia Zorzi é consultora empresarial, sócia diretora da soniazorzi learning, training e consulting, professora universitária em cursos de pós graduação, palestrante, Dra. em Administração de Recursos Humanos, Mestra em Educação e Master em Programação Neurolinguística.

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